Victor Hugo: Eu sou uma força que avança! (volume I) e Este um sou eu! (Volume II) – Max Gallo
Ler os clássicos. Eterno compromisso que muitos assumem, alguns desenvolvem e poucos cumprem. Após algum sucesso, compromisso posterior: conhecer a vida dos que escreveram os clássicos. Sempre achei que, para entender realmente qualquer texto, é fundamental saber o que se passava na vida de quem o escreveu, já que tudo é escrito por um sujeito e esse sujeito, para complicar, é dinâmico. Mas essa questão se colocou mais fortemente para mim após a leitura do colossal Os Miseráveis.
Quem seria esse homem que se dispôs a escrever tamanho monolito. Como, em nome de Alá, alguém consegue entremear de forma tão genial e caprichosa a vida em construção de dezenas de personagens absolutamente marcantes? Em que circunstâncias um ser humano consegue embaralhar política, filosofia, história, filologia, teologia, teoria militar, lingüística e ficção em uma mesma obra?
Victor Hugo, como a bela e detalhada biografia do historiador francês Max Gallo oportunamente porta como titulo de seu volume I, era uma força que avançava. O cuidado com as nuances de diversos aspectos da vida desse escritor é uma característica louvável das obras de Max Gallo, membro da Academia Francesa de Letras, que já biografou Charles DeGaulle e Napoleão.
O texto avança, ano a ano, sobre a efervescência de uma alma em crescimento. Uma criança fugidia e apaixonada, ainda tão jovem. Um adolescente perturbado pela separação dos pais, na época, pouco comum. Os primeiros escritos, em competição com o irmão que viria a enlouquecer. O primeiro prêmio, ainda com quinze anos. O casamento, a fama, o reconhecimento dos reis. De ultra-monarquista a Patrono da República, o que importava a Victor Hugo era, além da vaidade que acompanha alguns gênios, a divulgação da verdade e da liberdade de expressão, bandeira que por si só já o conduziria para o Pantheón. Mas, acima de tudo, Hugo tinha um compromisso inexaurível com a literatura. Seus romances, peças teatrais e poemas dão vazão à avalanche de seu pensamento multifacetado e secular.
Na velhice, Hugo aparece na biografia de Gallo como um “velho safado”, digno de um conto do Bukowiski. Sua ânsia por viver é tão grande que ele consola sua velhice no leito de infinitas damas da sociedade, criadas, prostitutas e sua eterna e inseparável amante.
Hugo cumpre aquilo tudo que é reservado a cada um de nós, vivendo a intensidade da vida, lutando pelo que achava correto, amando, chorando seus mortos. Mesmo do auto de sua genialidade, suas realizações parecem estranhamento próximas e motivadoras, levando-nos a crer que uma grande alma não se compõe somente de ineditismos, mas da vivência intensa e incansável da profusão de experiências que é a própria vida.
Marcadores: Livros
3 Comentários:
Comprei por 7,90 cada volume na Saraiva!!!! Promoção boooa...agora é esperar...
Ótimo texto, by the way...
Muito obrigado Anônimo! De fato você conseguiu um excelente preço! Espero que você goste dessa biografia tanto quanto eu. Não tem como não se emocionar com a vida de Hugo, ainda mais depois de ter lidos os Miseráveis. Abração
Precisava só de uma forcinha para comprar os dois volumes! Depois de ler "Os miseráveis" também fiquei muito impressionada, mas a história da Adèle Hugo me enlouqueceu! Preciso saber quem é esse pai, mais do que quem é o escritor... Bjs!
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