segunda-feira, 15 de março de 2010

Victor Hugo: Eu sou uma força que avança! (volume I) e Este um sou eu! (Volume II) – Max Gallo

Ler os clássicos. Eterno compromisso que muitos assumem, alguns desenvolvem e poucos cumprem. Após algum sucesso, compromisso posterior: conhecer a vida dos que escreveram os clássicos. Sempre achei que, para entender realmente qualquer texto, é fundamental saber o que se passava na vida de quem o escreveu, já que tudo é escrito por um sujeito e esse sujeito, para complicar, é dinâmico. Mas essa questão se colocou mais fortemente para mim após a leitura do colossal Os Miseráveis.
Quem seria esse homem que se dispôs a escrever tamanho monolito. Como, em nome de Alá, alguém consegue entremear de forma tão genial e caprichosa a vida em construção de dezenas de personagens absolutamente marcantes? Em que circunstâncias um ser humano consegue embaralhar política, filosofia, história, filologia, teologia, teoria militar, lingüística e ficção em uma mesma obra?
Victor Hugo, como a bela e detalhada biografia do historiador francês Max Gallo oportunamente porta como titulo de seu volume I, era uma força que avançava. O cuidado com as nuances de diversos aspectos da vida desse escritor é uma característica louvável das obras de Max Gallo, membro da Academia Francesa de Letras, que já biografou Charles DeGaulle e Napoleão.
O texto avança, ano a ano, sobre a efervescência de uma alma em crescimento. Uma criança fugidia e apaixonada, ainda tão jovem. Um adolescente perturbado pela separação dos pais, na época, pouco comum. Os primeiros escritos, em competição com o irmão que viria a enlouquecer. O primeiro prêmio, ainda com quinze anos. O casamento, a fama, o reconhecimento dos reis. De ultra-monarquista a Patrono da República, o que importava a Victor Hugo era, além da vaidade que acompanha alguns gênios, a divulgação da verdade e da liberdade de expressão, bandeira que por si só já o conduziria para o Pantheón. Mas, acima de tudo, Hugo tinha um compromisso inexaurível com a literatura. Seus romances, peças teatrais e poemas dão vazão à avalanche de seu pensamento multifacetado e secular.
Na velhice, Hugo aparece na biografia de Gallo como um “velho safado”, digno de um conto do Bukowiski. Sua ânsia por viver é tão grande que ele consola sua velhice no leito de infinitas damas da sociedade, criadas, prostitutas e sua eterna e inseparável amante.

Hugo cumpre aquilo tudo que é reservado a cada um de nós, vivendo a intensidade da vida, lutando pelo que achava correto, amando, chorando seus mortos. Mesmo do auto de sua genialidade, suas realizações parecem estranhamento próximas e motivadoras, levando-nos a crer que uma grande alma não se compõe somente de ineditismos, mas da vivência intensa e incansável da profusão de experiências que é a própria vida.


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3 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Comprei por 7,90 cada volume na Saraiva!!!! Promoção boooa...agora é esperar...
Ótimo texto, by the way...

17 de outubro de 2011 às 15:07  
Blogger Renato F. disse...

Muito obrigado Anônimo! De fato você conseguiu um excelente preço! Espero que você goste dessa biografia tanto quanto eu. Não tem como não se emocionar com a vida de Hugo, ainda mais depois de ter lidos os Miseráveis. Abração

17 de outubro de 2011 às 15:59  
Anonymous Anônimo disse...

Precisava só de uma forcinha para comprar os dois volumes! Depois de ler "Os miseráveis" também fiquei muito impressionada, mas a história da Adèle Hugo me enlouqueceu! Preciso saber quem é esse pai, mais do que quem é o escritor... Bjs!

10 de setembro de 2012 às 19:47  

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