segunda-feira, 15 de março de 2010

Trem noturno para Lisboa – Pascal Mercier


Solidão. Solidão intelectual, solidão causada pela rotina, solidão pela ausência do amor romântico. Solidão pela ausência de familiares, solidão no sentido clássico. Essa é a realidade de Gregorius, o personagem sempre em construção do excelente romance de Pascal Mercier.
Após salvar do suicídio uma mulher portuguesa, esse professor suíço de grego antigo (e outras línguas mortas) passa a refletir sobre sua vida e se apaixona perdidamente pelo idioma lisboeta. Em um sebo perdido na urbanidade macilenta de Berna, encontra um livro de pensamentos escrito por um médico português que o leva a abandonar uma de suas aulas no meio e fugir para Lisboa em busca de mais informações. Ao pegar o trem noturno que dá nome ao livro, Gregorius pensa deixar para trás o professor ensimesmado e deprimido, mas percebe que sua viagem é na verdade uma saga rumo ao autoconhecimento. Na medida em que conhece pessoas envolvidas com o médico, percebe que viver é um eterno exercício de enredamento entre o novo, a novidade, e o “eu” que ele havia construído durante toda a vida. E vê em cada experiência do médico português uma saída para a mesmice e a solidão.
Só para constar, o livro vendeu como pão quente em toda a Europa (o que não é muito, visto que o Paulo Coelho é best-seller na França) e originou a expressão idiomática “pegar o trem noturno para Lisboa”, que significa simplesmente “mudar de vida”.
Para os dias de chuva, as longas viagens e os momentos de ruminação introspectiva.


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